A Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique (OCAM) realizou, de 24 a 26 de Novembro de 2021, no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, cidade de Maputo, o 6º Congresso Africano de Contabilidade e Auditoria (ACOA), sob o lema “ Abraçando a 4ª Revolução Industrial”.
No evento, em formato híbrido, que durou três dias, participaram presencialmente 600 delegados provenientes de sessenta e dois países africanos. Mais de mil participantes acompanharam o evento, através da plataforma digital. Com o alto patrocínio de diversas empresas moçambicanas e estrangeiras, incluindo a Embaixada da Irlanda, parceiro estratégico da OCAM, o congresso acolheu delegados provenientes de Moçambique, Angola, África do Sul, Benin, Burquina Faso, Estados Unidos da América, Ghana, Malawi, Portugal, Quénia, Tanzania, Uganda, Zâmbia, Nigéria, Botswana, Congo, Marrocos, Etiópia, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Brasil, Serra Leoa, Ilhas Maurícias e Zimbabwe.
Compreendendo o momento que o mundo vive, por causa da pandemia, a OCAM observou, rigorosamente, todas as recomendações do protocolo sanitário imposto pelas autoridades, criando distanciamento entre os delegados, disponibilizando álcool em todos os cantos da sala, assim como uma equipa médica presencial, para efectuar testagem rápida e assistência aos participantes, caso se mostrasse necessário.
Coube ao Bastonário da OCAM, o Professor Doutor Mário Vicente Sitoe, a honra de se dirigir aos delegados, por ocasião da abertura do evento. O Bastonário da OCAM fez referência a figuras que considera serem de extrema importância na vida da organização por si dirigida, nomeadamente Alan Johnson, que é Presidente do IFAC (Federação Internacional de Contabilistas). Falou ainda de Vickson Ncube, na altura Director Executivo da PAFA (Federação Pan-Africana dos Contabilistas), quando Moçambique foi eleito para organizar o 6º Congresso de Africano de Contabilidade e Auditoria, bem como de Alan Prizo, actual Director Executivo do PAFA, a quem atribuiu a responsabilidade pelo facto de o evento ter decorrido na dimensão e magnitude que se viu.
O Bastonário saudou e agradeceu a presença de todos os delegados ao 6º Congresso da ACOA-Maputo 2021, desejando uma boa estadia, convidando-os igualmente a desfrutem da beleza sem igual que caracteriza a cidade das acácias-Maputo.
A sessão de abertura contou a presença de diversas personalidades, com destaque para o Primeiro-Ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário, o presidente da Federação Internacional de Contabilidade-IFAC, Alan Jonhson, o Presidente do PAFA, Cosme Goundété, bastonários das Ordens congéneres, entre outras.
Durante a sua intervenção, o Primeiro-Ministro de Moçambique desafiou os presentes para continuarem a promover a elevação da qualidade da classe. “Um dado é certo: os contabilistas e auditores têm o potencial para garantir a transparência e fiabilidade, nos processos de gestão financeira, no país e na África, no geral”, considerou no seu discurso.
O governante disse ainda que a classe ajuda n a fiscalização do uso do erário público, no apuramento de colecta de receitas que alimentam o tesouro público, bem como na melhoria do ambiente de negócios e no combate à corrupção.
Para o caso específico de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário afirmou que os contabilistas e auditores têm um contributo significativo, na redução da fuga ao fisco e na contínua melhoria da gestão das finanças públicas.
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NO TOPO DA AGENDA
Partindo do pressuposto que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são fundamentais, para a gestão financeira dos países e que as mesmas estavam no topo da agenda do evento, Carlos Agostinho do Rosário instou os presentes a fazerem um bom proveito da temática com olhos postos para a sua materialização e consolidação.
“Nesta era das tecnologias digitais, as normas e procedimentos de gestão financeira têm, cada vez mais, como suporte às TIC, que permitem o acesso rápido e flexível à informação a partir de qualquer ponto do mundo”, disse Do Rosário.
Por sua vez, o presidente do PAFA, Cosme Goundété disse que o tema da quarta revolução industrial iria providenciar uma plataforma de troca de ideias, um modelo de negócios, produtos e serviços necessários para acompanhar as inovações tecnológicas. adicionalmente, referiu qyue comunicadores de vários países africanos iriam emprestar as suas experiências, designadamente mais de quatrocentos delegados e outros participantes que, através das redes sociais, acompanhariam o evento.
IMPLEMENTAÇÃO CÉLERE DAS IPSAS
O ministro da Economia e Finanças de Moçambique, Adriano Maleiane, encorajou, durante o encerramento do congresso, a Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique a efectuar a implementação célere, em todo o país, das Normas Internacionais de Contabilidade aplicadas ao sector público, designadas IPSAS (International Public Sector Accounting Standards).
“As IPSAS irão permitir a adopção de uma mesma abordagem, na elaboração de relatórios financeiros, promovendo uma maior solidez à contabilidade pública e conferindo mais transparência na gestão do uso do património público. Os debates havidos, ao longo dos três dias, vão, certamente, contribuir para aprimorar e harmonizar as abordagens de trabalho, conferindo maior solidez ao exercício de contabilidade e auditoria, nas áreas pública e privada. Até porque foi uma oportunidade ímpar para a troca de experiências, ideias e traçar os passos a seguir, para o futuro”, disse o dirigente.
Por outro lado, o Ministro da Economia e Finanças congratulou a OCAM pelo trabalho desenvolvido para a sua admissão às entidades internacionais, com destaque para Federação Internacional de Contabilistas (IFAC).
“Esta integração revela, por um lado, o reconhecimento internacional da qualidade técnica dos Contabilistas e Auditores de Moçambique. Adicionalmente, permite ainda que o sistema financeiro esteja em consonância com as tendências da profissão e o processo de edição das normas internacionais de contabilidade, assim como possibilita a troca de experiências e interacção com outras entidades internacionais, por via de programas técnicos e científicos”, disse Maleiane, a terminar.
O congresso foi uma festa, um momento de aprendizagem, um alerta sobre a necessidade de despertar os conhecimentos adormecidos, uma oportunidade de mostrar que África é uma potência que unida pode fazer muito mais e vencer muitos obstáculos.